[De:
Terça-feira, 27 de Janeiro de 2009]
Doação de sangueProjeto de lei prevê fim da discriminação de homossexuais na doação de sangueAqui:
MundoMaisBRASÍLIA – O projeto de lei nº 4373/2008 apresentado pela deputada federal Sueli Vidigal (PDT-ES) prevê o fim da discriminação homossexual para doação de sangue das unidades coletoras. Hoje os postos de coleta questionam a orientação sexual do doador.
Segundo o projeto, “a entidade coletora de sangue não poderá questionar a respeito do comportamento sexual do doador, visando tão somente verificar o nível de sua vulnerabilidade às doenças sexualmente transmissíveis sem, no entanto, questionar especificamente a respeito da sua opção sexual”
A deputada Sueli Vidigal afirma que a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) justifica a recusa como doadores, sustentando que evidências científicas apontam homossexuais como segmento de alto risco, mais sujeitos às doenças sexualmente transmissíveis DST’s.
“Entendemos que a argumentação, por si só, acoberta forte conotação preconceituosa. O que este projeto visa resgatar parte do princípio do nosso compromisso com a vida. Cabendo aos Órgãos competentes um rigoroso controle de qualidade do sangue”, diz Sueli Vidigal na justificativa do projeto.
Sem lógica – O projeto de lei questiona ainda a falta de lógica na doação de órgãos. “No fato de que não há impedimentos legais para que homossexuais sejam doadores de órgãos, então é de se perguntar: Qual a justificativa para que não possam ser doadores de sangue?”, questiona a deputada.
O publicitário J.C., 35, já foi discriminado na doação de sangue. Segundo ele, foi ao posto do Pró-Sangue doar para uma amiga que estava internada em estado grave. “A enfermeira perguntou um monte de coisa até chegar na pergunta crucial se eu era gay. Como eu percebi onde ela queria chegar ai eu disse logo. Então, as coisas mudaram de rumo”, diz J.C.
O publicitário afirma que antes da entrevista tinha furado o dedo para avaliarem o tipo do sangue antes da entrevista. “Depois perguntaram com quantas pessoas eu fazia sexo por ano. Disse que sempre transava com camisinha, mas fui dispensando”. Segundo J.C, a alegação é que ele teve uma média de 10 parceiros por ano e isso seria fazer parte de um grupo de risco.
“Eu pensava que eles fizessem exames no sangue coletado para verificar se eu ou qualquer outro sangue estivesse contaminado. Mas me dispensaram. Fiquei com muita raiva. Hoje não me comove ver nenhum anúncio de doação de sangue”, diz revoltado.
